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Twin Peaks e o cinema absurdo de David Lynch

Sheryl Lee - Laura Palmer em Twin Peaks

Parece impossível falar sobre o cinema contemporâneo e as mudanças nas produções televisivas sem mencionar o universo imaginativo, onírico e absurdo de David Lynch e Twin Peaks.

Um revolucionário dentro das narrativas televisivas e cinematográficas, Lynch aventurou-se com sua intransigência e ousadia para produzir obras que quebraram o status quo das produções americanas.

Neste artigo, vamos fazer um mergulho pelo estilo e pelo legado do diretor, além de conhecer mais de pertinho um dos lançamentos recentes da Reserva Imovision: o filme Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer. Preparado para navegar pelo misterioso cosmos lynchiano? 

Quem é David Lynch? Conheça o mestre do cinema surrealista

Em janeiro de 2025, o cinema, a televisão e um longo e fiel séquito de fãs se despediram de um dos maiores diretores da história: com 79 anos, David Lynch disse adeus ao nosso mundo – não sem antes ter deixado um legado que mistura mágica, mistério, sonhos e realidades experimentais de uma forma singular.

Nascido em 1946 no estado de Montana, nos Estados Unidos, Lynch fabricou um estilo próprio, coordenando como ninguém cores, sons e histórias (muitas vezes sem desfecho claro ou uma “solução” única). 

Brincando com o inconsciente coletivo e fazendo do surrealismo sua maior arma, o diretor mostrou para o público que o lado sombrio da natureza humana também pode ser mágico e irresistível.

Filho de uma família de classe média, Lynch estudou pintura na Academia de Belas-Artes da Pensilvânia, na Filadélfia. Foi ali que seu gosto pela produção cinematográfica passou a ganhar forma e ele começou a produzir curtas-metragens. 

Para seguir no ramo, David mudou-se para Los Angeles e produziu o seu primeiro filme em 1977, “Eraserhead” – um horror surrealista feito com maestria para causar desconforto nos espectadores desavisados e que se tornou um clássico cult quase que instantâneo.

Em 1980, ele dirige “The Elephant Man”, longa que o coloca na disputada fila dos diretores americanos com apelo comercial. Apesar disso, Lynch segue sua trajetória de exilado: com a ficção científica “Duna” (1984) – fracasso tanto de crítica quanto de bilheteria – e o neo-noir ”Blue Velvet” (1986), ele deixa claro que não veio para se acomodar aos padrões engessados e sem criatividade da academia americana.

A partir daí, seu nome não era mais um mistério na boca dos cinéfilos. Durante os anos 90 e 2000, criou a famosa trilogia da lógica dos sonhos: “Lost Highway” (1997), “Mulholland Drive” (2001) e “Inland Empire” (2006) – não sem antes, claro, revolucionar a televisão (americana e mundial) com a aclamada série Twin Peaks.

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Twin Peaks: um mistério que transcende a tela 

Um agente do FBI, Dale Cooper (estrelado por Kyle MacLachlan), viaja para Twin Peaks – uma cidade pequena e, à primeira vista, pacata – para investigar o assassinato de Laura Palmer (Sheryl Lee). 

Uma premissa que poderia ser de qualquer série de suspense americana padronizada, torna-se um mistério que passa por mais de 30 anos e envolve humor não tradicional, referências obscuras e um atestado de muita, muita técnica audiovisual.

Twin Peaks estreou na televisão americana em 1990, em uma época em que era preciso lutar para conseguir cativar o público e manter a audiência lá em cima. Para isso, geralmente a aposta era em programas repetitivos e pouco criativos. David Lynch, com sua ousadia, apostou na inovação.

Se a narrativa principal gira em torno da misteriosa morte de Laura Palmer, é a construção da cidade de Twin Peaks quem cativa os desavisados. O cenário onírico e bucólico, os personagens caricatos, mas impressionantes, a música tema de abertura de Angelo Badalamenti, o envolvente, porém robótico Agente Cooper: tudo isso, somado, faz de Twin Peaks a grande obra de Lynch e um dos maiores legados da televisão estadunidense.

A série teve três temporadas: duas lançadas na década de 90, pela ABC, e uma última quase 3 décadas mais tarde, em 2017, pelo canal a cabo Showtime. 

Sucesso entre aqueles que gostavam de orbitar por um ambiente menos mainstream, Twin Peaks influenciou gerações e foi inspiração para séries e filmes como “Arquivo X”, “True Detective” e “I Saw The TV Glow”.

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Os últimos dias de Laura Palmer: um mergulho no lado sombrio de Twin Peaks

E nem só da série vive a herança de Twin Peaks! Em 1992, um ano após a segunda temporada dar as caras na televisão, David Lynch dirigiu o filme “Twin Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer” (no original, Twin Peaks: Fire Walk With Me).

Talvez incompreensível para aqueles que nunca assistiram à série, o longa explora os últimos dias de vida de Laura Palmer. Nesta prequela audaciosa e cheia de simbolismo, o terror psicológico se encontra com um extremismo que só consegue cair bem porque Lynch sabia exatamente o que estava fazendo.

Profundo e complexo aos olhos dos fãs e dos críticos mais atentos, “Twin Peaks – Os Últimos de Laura Palmer” utiliza referências visuais encontradas na série para atribuir significados ainda mais profundos ao inferno experienciado por Laura Palmer antes de sua morte.

Para quem ainda não viu ou para quem sabe que está na hora de rever, a Reserva Imovision agora conta com mais este clássico cult atemporal em sua plataforma!

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A assinatura de Lynch no cinema: o absurdo, o onírico e o desconhecido

Apesar de absurdo e extremamente surrealista, o cinema de David Lynch sempre carregou um pé no humor – nem sempre reconhecido ou bem aceito. Entre tomadas nonsense e uma estética que abraça os sonhos e o inconsciente, sua forma não direta ou super explicativa de contar uma história encantou gerações, influenciou outros artistas e criou uma assinatura única.

Fazendo uma pontinha de atuação em seus próprios filmes, abordando temas pesados e negligenciados pelo grande público (como prostituição, masoquismo e uso de drogas) ou simplesmente sendo uma persona deslocada dentro do universo padronizado de hollywood, Lynch segue na imaginação de milhares de pessoas mundo afora. 

Na Reserva Imovision você também encontra mais uma de suas obras: “A Estrada Perdida”, de 1997. Outro neo-noir com a assinatura de Lynch, este filme merece ser visto e ter sua história fragmentada e cheia de duplos na memória de seus fãs.

Assista “Twin Peaks – Os últimos dias de Laura Palmer” na Reserva Imovision

Disponível na Reserva Imovision, “Twin Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer” faz parte de um catálogo que preza pelo cinema independente, autoral e inovador

Com títulos marcantes que abarcam diferentes países, diretores, gêneros e décadas, a curadoria da plataforma é feita pensando especialmente em você, um público que quer mais do que um streaming voltado ao mainstream. 

David Lynch: um dos mestres do cinema que você precisa conhecer

Importante não apenas no e para o cinema, mas também peça essencial para a televisão como conhecemos hoje, David Lynch é figura ímpar (e carimbada) quando o assunto é criação de cenas e narrativas que fogem do padrão. Misturando sonho e realidade, mágica e surrealismo, inconsciente e percepção sensorial, o diretor segue fazendo novas pessoas se apaixonarem pelo audiovisual.

Quer conhecer mais desse lugar fantástico que é o cinema? Então assine a plataforma Reserva Imovision e fique à vontade para descobrir um mundo de filmes incríveis e grandes diretores!

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