9 filmes de comédia para fugir do óbvio

Complexa, variada e divertida: a comédia vai muito além das piadas rasteiras e do riso frouxo. Em suas diferentes vertentes (que são muitas!), esse gênero cinematográfico envolve não apenas uma narrativa cômica que se encerra em si mesma, mas uma maneira criativa de repensar o mundo.

Neste artigo, vamos explorar esse que é um dos gêneros mais populares e atemporais do cinema e da televisão. Fique com a gente e conheça uma lista de filmes de comédia que fogem do clichê. Para você dar risada mas também se emocionar, se questionar e descobrir como a comédia se reinventa a cada dia.

Comédia: um gênero dinâmico e diverso

Procurando por uma definição para o gênero da comédia? De forma resumida, podemos dizer que a comédia tem como objetivo mais geral trabalhar com o humor e conseguir roubar risadas intencionais do espectador. Com origem nas peças gregas, iniciou seu percurso através da tradição oral e, com o tempo, foi evoluindo junto com o formato das mídias e demandas do público. 

Você provavelmente já ouviu falar dos Irmãos Lumière ou de Buster Keaton! Pois é, junto de Charlie Chaplin, esses nomes figuram entre os primeiros realizadores famosos de filmes de comédia. Na época, com o cinema mudo, a linguagem corporal era amplamente explorada e as histórias eram contadas através de muitas expressões faciais e gestos.

Décadas mais tarde, com o surgimento do cinema sonoro, o gênero passou a explorar novas perspectivas de enredo, desenvolvimento e humor. Com a possibilidade do diálogo, características próprias da linguagem falada foram introduzidas e revolucionaram os filmes de comédia.

O sarcasmo e os trocadilhos passaram a figurar como ferramentas importantes e o desenvolvimento dos personagens e do roteiro tornaram-se mais aprofundados. Nas décadas de 50 e 60, surgiram grandes clássicos da comédia, tendo o ator Peter Sellers e o diretor Woody Allen como expoentes reconhecidos.

Apesar da comédia ter como objetivo divertir o público, suas características vão muito além do riso e do cômico. Quando olhamos um pouco para fora da lista de filmes mais populares de padrão comercial, conseguimos perceber que a profundidade dos personagens, a inovação estética e originalidade na narrativa são marcas fortes também dentro da comédia.

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Se aventure em alguns sub gêneros da comédia

Engana-se quem pensa que a comédia é um gênero simples de ser descrito ou que possui pouca variedade entre as suas características mais marcantes. Cheia de detalhes, ela abriga diversos sub gêneros que merecem uma atenção especial da nossa parte!

Vamos juntos conhecer alguns dos sub gêneros mais notáveis dos filmes de comédia? 

Comédia romântica

Um dos sub gêneros mais famosos, a comédia romântica ganha destaque – ano após ano – nos cinemas e nos canais de streaming. Como seu nome indica, temos a união do romance com o cômico em roteiros onde o final feliz é a aposta certa.

Em histórias de amor embaladas por divertidos caminhos tortuosos e obstáculos nem sempre previsíveis, o humor surge como um alívio permanente que trabalha através da construção dos diálogos e da psique – muitas vezes confusa ou desequilibrada – dos personagens.

O filme “Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual”, de Gustavo Taretto, é um clássico contemporâneo do gênero. Retratando com maestria a solidão urbana dos grandes centros, conta a história de dois jovens (Mariana e Martin) que buscam quebrar os muros impostos pelas relações sociais de uma cultura virtual.

Apostando na confusão social de uma metrópole como Buenos Aires – que aproxima culturas, ao mesmo tempo que afasta seus indivíduos –, o diretor argentino consegue fazer de Medianeras uma comédia romântica fora do convencional: com fotografia sutil, o amor se mostra perto e longe ao mesmo tempo.

Comédia francesa

As comédias francesas, nos últimos anos, acabaram por originar um subgênero da comédia. São aqueles filmes que, claro, além de serem franceses e de serem comédias, possuem um tipo especial de humor: mais sutil, menos convencional e com um toque de ironia.

Nenhum filme vem à sua mente? Então tá na hora de checar as comédias francesas que você pode encontrar na Reserva Imovision! Destacamos o lançamento “A Natureza do Amor”, de Monia Chockri. Ele conta a história de uma professora de filosofia de 40 anos que se envolve numa relação que vira sua vida de cabeça para baixo. Sexy e perspicaz, é uma boa recomendação para os amantes do gênero.

Outra comédia francesa em destaque é o filme “Felicidade”, de Bruno Merle. Ele narra, através da visão de uma menina de 11 anos, uma road trip com sua família nada convencional. 

Comédia brasileira

O cinema brasileiro tem uma grande tradição em produzir boas comédias – não é à toa que somos conhecidos pela nossa capacidade em fazer piada de todas as situações, por mais absurdas que sejam. Quem não se lembra da malandragem gostosa dos amigos Chicó e João Grilo do “Auto da Compadecida”, de Guel Arraes?

Mas que tal fugir das comédias brasileiras mais populares e conhecer outros títulos? Protagonizado por Lázaro Ramos e dirigido por Zezé Gamboa, “O Grande Kilapy” é um filme luso-angolano-brasileiro que retrata a vida do anti-herói Joãozinho nos últimos anos do colonialismo português em Angola. Ficcional mas histórico, engraçado mas peculiar!

Comédia de humor absurdo

O humor absurdo (também conhecido como humor surreal ou surrealista) é um tipo bem específico de humor. Ele se constrói através de situações irracionais, que desafiam o senso lógico e causal, e levam o espectador a subverter as suas próprias expectativas.

Nas comédias de humor absurdo, tanto o comportamento dos personagens quanto os eventos da narrativa costumam envolver situações bizarras ou irracionais. Sabe o famoso nonsense? Pois é! É no improvável e no absurdo que mora a graça.

Procurando opções de filmes de comédia de humor absurdo? Para fugir do óbvio, dê uma chance para o desconhecido para dois dos filmes do diretor Mr. Oizo,  “Rubber”, o pneu assassino e “Wrong”.

Comédia satírica 

Poucas formas de crítica são mais elegantes e criativas do que a sátira. Utilizada para fazer um comentário (na maioria das vezes negativo) sobre um determinado assunto, ela funciona bem também nos filmes de comédia. 

Através de ironia, paródia ou exagero, as comédias satíricas buscam criticar entidades vigentes importantes, como a sociedade atual, as instituições econômicas e até mesmo a própria indústria cinematográfica. Um exemplo clássico desse tipo de filme? O inesquecível “O Grande Ditador”, de Charles Chaplin.

E para quem está procurando algo mais atual e fora do circuito popular, os filmes “O Fantasma de Peter Sellers”, de Peter Medak e “O sequestro de Michel Houellebecq”, de Guillaume Nicloux, são boas opções para rir, mas sem perder a seriedade.

Comédias sobre questões sociais e políticas

Refletir sobre o nosso entorno não é um privilégio apenas dos grandes filmes dramáticos. As comédias, com todo seu aparato teórico, também são capazes de produzir reflexões profundas e marcantes sobre questões políticas, sociais e culturais.

No filme de 2014 chamado “A Festa de Despedida” – da dupla de diretores israelenses Tal Granit e Sharon Maymon – um assunto polêmico e sensível é trazido à tona: a eutanásia. Com ótimos diálogos e uma leveza na execução, dá para rir, se emocionar e refletir sem culpa ou receio.

9 dicas de filmes de comédia que vão te surpreender

Para te ajudar a desfrutar desse amplo e diverso gênero que são os filmes de comédia, preparamos uma lista com títulos que fogem do padrão convencional e trazem na originalidade uma das suas maiores qualidades. E o melhor: todos eles estão disponíveis na Reserva Imovision!

Testamento

Lançado em 2023, o novo longa do diretor canadense Denys Arcand – conhecido pelo seu premiado “As Invasões Bárbaras” – é uma sátira contemporânea que pode não agradar a todos, mas certamente faz pensar. Em “Testamento”, o que vemos é Arcand expondo um longo desconforto com o mundo (não só o contemporâneo: qualquer mundo!).

O cenário consiste em uma casa de repouso e a premissa é simples: o desconforto que o protagonista Jean-Michel Bouchard (Rémy Girard) sente com as mudanças da sociedade atual – como o uso da linguagem neutra e o ativismo jovem, por exemplo. Mais uma vez, como em todos os filmes de Arcand, o que se sobressai é o medo da iminente (e constante) decadência do império ocidental.

A Dona do Barato

A trama de “A Dona do Barato”, de Jean-Paul Salomé, já foi reciclada algumas vezes pela ficção: alguém que, quando colocado em uma situação financeira e emocional mais extrema, se vê inclinado a recorrer a meios ilegais para ganhar dinheiro. Como não lembrar da série “Breaking Bad”?

Nesta comédia, o diferencial é a escolha da atriz principal, a icônica Isabelle Huppert (foto da capa deste post). Interpretando Patience, uma viúva que cuida das duas filhas e da mãe adoentada, ela trabalha como tradutora policial árabe-francês em escutas telefônicas. Sem dinheiro para custear uma série de despesas extras, Patience se rende e vira Mama Weed, uma das maiores traficantes da França. 

Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental

Um filme singular: é assim que podemos definir “Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental”. Dirigido por Radu Jude e com uma coprodução entre Romênia, República Tcheca, Croácia e Luxemburgo, essa comédia surge para questionar o conservadorismo (e seus pequenos delitos cotidianos).

Quando uma professora de História chamada Emi (Katia Pascariu) tem vazado na internet um vídeo seu fazendo sexo com o marido, sua vida muda e ela corre o risco de ser demitida da escola conservadora onde trabalha. Em uma reunião de pais de alunos o seu destino será decidido.

Parece uma sinopse simples, não é mesmo? Pois tome fôlego, esteja ciente de que o que te espera é mais do que um filme sobre vazamento de vídeos na internet e dê play na Reserva Imovision!

As Férias do Pequeno Nicolau

Um filme de comédia mais leve, para quem quer sentar no sofá e se divertir vendo belas paisagens litorâneas da França ao mesmo tempo em que acompanha uma história de amor inusitada. 

“As Férias do Pequeno Nicolau”, de Laurent Tirard é uma sequência do longa de 2009, “O Pequeno Nicolau”. Ambos filmes são baseados nos famosos quadrinhos “Le Petit Nicolas”, escritos por René Goscinny. 

Nesta história, Nicolau (Mathéo Boisselier) viaja com seus pais e sua avó para um hotel à beira-mar durante suas férias escolares. Nesses dias quentes e inusitados, a criança faz amizade com um grupo de garotos e conhece Isabel, uma tímida garota que pode ser a sua futura esposa.

O Novíssimo Testamento

Indicado ao prêmio Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 2015, “O Novíssimo Testamento”, de Jaco Van Dormael, mistura comédia e fantasia para se tornar um dos grandes filmes cults da década passada. Seu título tem motivo: Deus vive em um apartamento em Bruxelas e, de lá, faz aquilo que mais gosta – atormentar a humanidade.

A narrativa se desenrola a partir do dia que Ea (Pili Groyne), a filha de Deus, consegue acessar o computador do pai e, em um ato de revolta contra os abusos que sofre em casa, divulga as datas programadas das mortes de todos os seres humanos. Depois disso, Ea foge do apartamento e começa sua peregrinação por Bruxelas. Eis o novíssimo testamento sendo escrito!

Os Amores Dela

Quem não gosta de se deparar com um triângulo amoroso no cinema, não é mesmo? Pois o filme “Os Amores Dela”, de Charline Bourgeois-Tacquet, traz uma visão fresca, leve e pungente de um dos temas clássicos dos romances cinematográficos.

Anaïs, interpretada pela atriz francesa Anaïs Demoustier, é uma mulher de 30 anos que passa por uma crise. Além de estar com dificuldades financeiras, ela passa a duvidar do amor que sente pelo seu atual namorado. Ao conhecer Daniel (Denis Podalydès) – que se apaixona por ela –, Anaïs redescobre todo o poder do desejo em Emilie (Valeria Bruni Tedeschi), esposa de Daniel.

Um filme sobre o amor, a liberdade e, acima de tudo, sobre o poder central que o desejo possui em nossas vidas. Está precisando de um impulso? Talvez seja a hora de assistir a essa obra!

Gerontophilia

Famoso por ser um artista múltiplo (já que além de escrever e fotografar, ele também atua dirigindo e roteirizado filmes), o canadense Bruce LaBruce costuma dar o que falar. As polêmicas, entretanto, são apenas uma parte do seu trabalho – potente mas sensível, ousado mas delicado. No filme “Gerontophilia”, de 2013, isso não é diferente.

Do grego, a palavra gerontophilia (geron – velho, philia – amor) significa atração amorosa/sexual por pessoas idosas. A premissa desta comédia romântica não tradicional é, portanto, simples: Lake (Pier-Gabriel Lajoie), um garoto de 18 anos, descobre que gosta de homens muito mais velhos e se apaixona por um deles.

Longe de ser apenas provocativa, “Gerontophilia” é uma história de amor entre duas pessoas que não se encaixam nos padrões. E cabe ao espectador abrir o olhar para compreender (ou renegar) as motivações e os desejos que esse casal gay tem a oferecer.

Um Divã na Tunísia

Para quem gosta de comédias que retratam e discutem questões sociais e culturais, “Um Divã na Tunísia”, de Manele Labidi é um prato cheio. 

Neste filme franco-tunisíano, a psicanalista Selma – interpretada pela atriz e ativista iraniana Golshifteh Farahani – volta para a Tunísia depois de morar muitos anos na França. Com um grande número de pacientes novos, ela também precisa lidar com as mudanças que o país passou nas últimas décadas.

Confrontada pelos costumes extremamente ortodoxos dos moradores locais, Selma – uma mulher moderna, com ares franceses, tatuagens à mostra e um pouco de arrogância – causa impacto e desconforto. Quase um filme de esquete, onde o humor físico domina a tela, “Um Divã na Tunísia” não pretende responder às grandes reflexões, mas sobretudo trazê-las à tona.

E se vivêssemos todos juntos 

Uma comédia com ares de drama, “E se vivêssemos todos juntos”, de Stéphane Robelin, conquista por seu enredo e por seus nomes conhecidos, com Jane Fonda, Daniel Bruhl e Geraldine Chaplin encabeçando os personagens principais junto de Claude Rich e Guy Bedos.

No filme, esses cinco amigos da terceira idade decidem burlar as regras sociais e ao invés de passarem seus últimos anos em uma casa de repouso, decidem morar todos juntos. Isto mesmo, uma república com muito mais experiência de vida. 

A sinceridade do roteiro é o que se destaca: como vivem e como podem viver as pessoas que já não se enquadram culturalmente no quadro de cidadãos úteis? Como encarar a velhice com menos preconceito? Um retrato cruel, mas necessário e cômico, de como a sociedade contemporânea lida com a última etapa de nossas vidas.

Além destes citados, destacamos o italiano “Loucas de Alegria”, de Paolo Virzì, o lançamento “Tudo Sob Descontrole”, de Didier Barcelo, e “A Outra Mulher”, de Daniel Auteuil, divertido filme francês com o astro Gérard Depardieu. 

Outros dois queridinhos que não poderíamos deixar de indicar são o clássico e ousado “Shortbus”, de John Cameron Mitchell, e “O Formidável”, de Michel Hazanavicius — diretor do premiadíssimo “O Artista” —, que tem como pano de fundo a gravação do clássico “A Chinesa”, de Jean-Luc Godard, durante os eventos de maio de 68.

Expanda seu repertório com a Reserva Imovision

Uma gargalhada, uma reflexão, uma nova percepção: os filmes de comédia vão muito além do humor rotineiro e do passatempo despretensioso. Eles podem trazer novos horizontes tanto para as questões que se propõe, como para o próprio gênero. 

E não é preciso ir muito longe para assistir a joias escondidas e enriquecer a sua experiência cinematográfica! Com a Reserva Imovision você tem acesso a um catálogo pensado especialmente para quem quer uma plataforma de streaming que fuja do óbvio e traga mais originalidade para a sua vida. Vamos juntos?

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